sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Eu sou Pipocaaaaa


Pipoca ahhhhh cheiro de Pipoca ta rolando No ar rsrs
Hoje quando abri meu orkut recebi esse recado por depoimento de uma super amiga a Ana Claudia :

"oi amiga!!! que saudade!! estava vendo um vídeo do bbb que diga-se de passagem eu odeio, mas citava-se um trecho do livro de martha medeiros doidas e santas e lembrei de vc, fala sobre pipocas e piruá, sem dúvidas vc é uma pipoca e nunca se deixe virar piruá!! busca lá pra saber do que eu estou falando ok!! bjussssss.... "


Adoro Martha né todo mundo sabe disso e meus amigos principalmente , então eis que eu fui pesquisar a tal Crônica e mais uma vez me identifico com a Martha escreve
Mas é realmente verdade e crônica é uma referencia a outra de Rubens Alves.
Fiquei feliz de passar essa imagem, e me pus a pensar , eu sou Pipoca mas como tem gente Piruá nesse planeta.
E na minha opinião, o pior de tudo não é não querer mudar, não querer se transformar, o pior, é não aceitar que as pessoas mudam, que o mundo não é estático, que tudo está em plena transformação minuto a minuto e ainda por cima, acham que quem muda de opinião, de atitude, de hábitos, precisa urgentemente de um tratamento psiquiátrico. Pois bem, acredito que ninguém mude apenas por mudar, apenas pra seguir a onda, pra fazer de conta, pra ficar “pipocando” por aí... Se há a mudança, é porque houve a necessidade, é porque chegou a hora da transformação, da metamorfose...então...não exijamos que as pessoas mudem, que se atualizem, isso vai de cada um e deve ser respeitado, mas, vamos combinar que, um piruá emburrado e resmungão, ninguém mastiga e muito menos engole.

Quem quiser ler a Crônica da Martha disponiblizo abaixo , mas antes gostaria de Parabenizar uma amiga Pipoquíssimaaaaa Mariana Berto, atriz, louca, linda srs Aprovada No Vestibular da Uff para Produção Cultural . Parabéns Mari Estoureeeee !!!


Pipoca
A cidade estava em quase absoluto silêncio, parecia quatro da manhã, mas era pouco mais do que quatro da tarde. Levantei do sofá um instante, no final do primeiro tempo, para ir até a janela observar os prédios, as ruas.
Todos estavam dentro de suas "panelas", feito grãos de pipoca que ainda não estouraram, mas faltava pouco para que explodissem. Foi bem nesta hora que Kaká marcou o primeiro gol do Brasil.
A tampa da cidade se abriu e as pipocas finalmente estouraram. O povo saltou da cadeira como aquele desenho animado que passa antes dos filmes, as pipoquinhas todas em polvorosa, alegres, empolgadas. É isso, pensei: somos milhões de pipocas em ação.
Não me olhe com esta cara, juro que estou em pleno domínio das minhas faculdades mentais. É que não é fácil escrever uma coluna um dia após a estréia do Brasil na Copa, e ainda escrever a jato, porque o jornal tem que fechar a edição.
Bem que eu queria demonstrar aqui neste espaço minha perplexidade com o assassinato brutal das meninas gaúchas na Grande Florianópolis, ou falar que minha torcida pela Varig é tão grande quanto a torcida pelos Ronaldos, ou que não me espanta em nada o dono do Sofazão desejar ser deputado, só receio que ele se choque com alguns hábitos da política brasileira.
Mas um dia após a nossa primeira e suada vitória, não tenho como fugir de falar sobre algo relacionado a futebol. E já que não sou comentarista, não estou na Alemanha e me confundo até hoje com a lei do impedimento, pensei em apelar para uma metáfora, algo assim como comparar pessoas e pipocas, levando em consideração que a pipoca, alimento tão associado ao cinema, troca de assento durante a Copa do Mundo e se converte no melhor companheiro em frente à tevê.
Pesquisando sobre o tema, descobri que o milho que não estoura se chama piruá. Sabe aquele milho que sobra na panela e se recusa a virar um floquinho branco, macio e alegre? Piruá. E aí tenho que concordar com o escritor Rubem Alves, que já escreveu sobre o assunto: tem muita gente piruá neste planeta.
Gente que não reage ao calor, que não desabrocha. Fica ali, duro, triste e inútil pro resto da vida. Não cumpre sua sina de revelar-se, de transformar-se em algo melhor. Não vira pipoca, mantém-se piruá. E um piruá emburrado, que reclama que nada lhe acontece de bom. Pois é. Perdeu a chance de entregar-se ao fogo, tentou se preservar, danou-se.
Domingo aconteceu outra vez: todo mundo enclausurado dentro de suas panelas. Silêncio, tensão. O fogo foi aceso assim que o juiz apitou o início da partida contra a Austrália. A seleção foi quente o bastante para nos fazer explodir.
E para mostrar para aqueles que têm vocação para piruá que o importante na vida é reagir às emoções, e não manter-se frio, fechado, feito um grão que não honrou o seu destino.

:::Martha Medeiros

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Sim



"Sim...
Começaria tudo outra vez...
E se eu faria igual não sei
Mas sei que não me arrependo
de como foi feito
pois no meu gesto mais imperfeito
foi aí que aprendi mais
e foi lapidado às custas de muitas lágrimas
meu coração valente
nesta vontade de ser gente, de ser feliz
de ser capaz, ou não...
Só sei que recomeço
sempre de um novo ponto
e essa nova viagem me leva
cada vez mais longe e firme
certa de que o meu porto nunca foi seguro
simplesmente por não ser aqui
alienígena do meu próprio lugar
enfim me dei conta de que o meu destino
apontava pra muito além
de mim e de minha terra
dos meus sonhos e pequenos planos
fantasias, grandes enganos...
simplesmente para aprender.
Pois é agora que da montanha onde estou
avisto o mar, as promessas, os medos
as tempestades por vir ... e não me assusto.
Vem aí mais um ano
e com ele mais desafios e prêmios
mais pistas falsas e recompensas
Mais uma dose
Cada vez menos pose
Cada vez mais eu em mim mesma
Um brinde à vida...
Aos amigos...
Ao amor...
Seja ele do jeito que for,
desde que seja sincero."

Cora Coralina

"Pra mim o cheiro da pele tem mais importância que o preço do perfume, pra usar em volta do corpo sou mais um abraço que uma roupa cara com intenções baratas, o brilho do olho faísca sempre mais que o diamante. Eu gosto de andar nua pela casa. Eu quero andar nua pela sua vida. Selvagem? Sua civilização tem feras muito mais perigosas. Cuidado. Elas são traiçoeiras. Na minha selva, que te aflige, é sempre olho no olho. Quem vai piscar primeiro?"

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Namorado: Ter ou nao ter, é uma questão (Carlos Drummond de Andrade)

Quem nao tem namorado é alguém que tirou férias nao remuneradas de si
mesmo. Namorado é a mais difícil das conquistas. Difícil porque namorado
de verdade é muito raro. Necessita de adivinhaçao, de pele, de saliva,
lágrima, nuvem, quindim, brisa ou filosofia.

Paquera, gabiru, flerte, caso, transa, envolvimento, até paixao é fácil.
Mas namorado, mesmo, é muito difícil.

Namorado nao precisa ser o mais bonito, mas aquele a quem se quer
proteger e quando se chega ao lado dele a gente treme, sua frio e quase
desmaia pedindo proteçao. A proteçao dele nao precisa ser parruda,
decidida, ou bandoleira: basta um olhar de compreensao ou mesmo de
afliçao.

Quem nao tem namorado nao é quem nao tem um amor: é quem nao sabe o
gosto de namorar. Se você tem três pretendentes, dois paqueras, um
envolvimento e dois amantes, mesmo assim pode nao ter namorado.

Nao tem namorado quem nao sabe o gosto da chuva, cinema sessao das duas,
medo do pai, sanduíche de padaria ou drible no trabalho. Nao tem
namorado quem transa sem carinho, quem se acaricia sem vontade de virar
sorvete ou lagartixa e quem ama sem alegria. Nao tem namorado quem faz
pactos de amor apenas com a infelicidade. Namorar é fazer pactos com a
felicidade ainda que rápida, escondida, fugidia ou impossível de durar.

Nao tem namorado quem nao sabe o valor de maos dadas; de carinho
escondido na hora que passa o filme; de flor catada no muro e entregue
de repente; de poesia de Fernando Pessoa, Vinícius de Moraes ou Chico
Buarque lida bem devagar; de gargalhada quando fala junto ou descobre a
meia rasgada; de ânsia de viajar junto para a Escócia ou mesmo de metrô,
bonde, nuvem, cavalo alado, tapete mágico ou foguete interplanetário.

Nao tem namorado quem nao gosta de dormir agarrado, fazer sesta
abraçado, fazer compra junto. Nao tem namorado quem nao gosta de falar
do próprio amor, nem de ficar horas e horas olhando o mistério do outro
dentro dos olhos dele, abobalhados de alegria pela lucidez do amor. Nao
tem namorado quem nao redescobre a criança própria e a do amado e sai
com ela para parques, fliperamas, beira d'água, show do Milton
Nascimento, bosques enluarados, ruas de sonhos ou musical na Metro.

Nao tem namorado quem nao tem música secreta com ele, quem nao dedica
livros, quem nao recorta artigos, quem nao chateia com o fato de o seu
bem ser paquerado. Nao tem namorado quem ama sem gostar; quem gosta sem
curtir; quem curte sem aprofundar. Nao tem namorado quem nunca sentiu o
gosto de ser lembrado de repente no fim de semana, na madrugada ou
meio-dia de sol em plena praia cheia de rivais. Nao tem namorado quem
ama sem se dedicar; quem namora sem brincar; quem vive cheio de
obrigaçoes; quem faz sexo sem esperar o outro ir junto com ele. Nao tem
namorado quem confunde solidao com ficar sozinho. Nao tem namorado quem
nao fala sozinho, nao ri de si mesmo e quem tem medo de ser afetivo.

Se você nao tem namorado porque nao descobriu que o amor é alegre e você
vive pesando duzentos quilos de grilos e medos, ponha a saia mais leve,
aquela de chita e passeie de maos dadas com o ar.

Enfeite-se com margaridas e ternuras e escove a alma com leves fricçoes
de esperança. De alma escovada e coraçao estouvado, saia do quintal de
si mesmo e descubra o próprio jardim.

Acorde com gosto de caqui e sorria lírios para quem passe debaixo de sua
janela.

Ponha intençoes de quermesse em seus olhos e beba licor de contos de
fada. Ande como se o chao estivesse repleto de sons de flauta e do céu
descesse uma névoa de borboletas, cada qual trazendo uma pérola falante
a dizer frases sutis e palavras de galanteria.

Se você nao tem namorado é porque ainda nao enlouqueceu aquele pouquinho
necessário a fazer a vida parar e de repente parecer que faz sentido.
Enlou-cresça.

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

" Não me prendo a nada que me defina. Sou companhia,
mas posso ser solidão....tranqüilidade e inconstância, pedra e coração.
Sou abraços, sorrisos, ânimo, bom humor, sarcasmo, preguiça e sono.
Música alta e silêncio. Serei o que você quiser, mas só quando eu
quiser. Não me limito , não sou cruel comigo! Serei sempre apego pelo
que vale a pena e desapego pelo que não quer valer... Suponho que me
entender não é uma questão de inteligência e sim de sentir, de entrar
em contato... Ou toca, ou não toca. "

(Clarice Lispector)