terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Perdão



Não há maior punição do que o castigo infligido pela voz da nossa própria consciência.

Somos humanos, somos imperfeitos...

Traçamos no papel da nossa vida um caminho, mas esquecemo-nos dos desvios, das distrações invisíveis que o lápis resolve não pintar.

Quando essa voz nos fala é sinal que o arrependimento encontrou traços das nossas imperfeições... (somos humanos, não somos perfeitos) e começamos então a grafitar ondas de incertezas, de desconforto, de desilusão com um carvão mais forte que borrata toda a folha do papel... e depois as lágrimas sujam-na ainda mais fazendo-nos acreditar que a página deveria ser arrancada... que o papel não tem mais utilidade...



Somos humanos, somos imperfeitos... logo também temos pensamentos imperfeitos (mas ainda bem que temos pensamentos).



Pior que um castigo externo e sistemático, proveniente de factores magoados, depois de se haver feito o MEA CULPA e se arcar com as consequências dos actos verdadeiramente arrependidos é o sentir que nos arrancam permanentemente a crosta da ferida numa tentativa de não permitir a sua cicatrização, como que a obrigar o arrependido a nunca se esquecer dos seus actos menos reflectidos.




É garantido que quem se arrepende verdadeiramente sofre horrores com essa consciencialização, por isso ninguém tem o direito a humilhar quem, em silêncio, já vive humilhado, ninguém tem o direito a destratar quem já se auto-destrata, seja lá qual fôr o motivo, seja lá qual fôr a razão...



Quando erramos e nos arrependemos precisamos de sentir o perdão daqueles a quem faltamos, o mesmo perdão que precisamos ouvir da boca e dos actos daqueles que connosco falham...

Quando erramos e pedimos perdão e não nos querem perdoar, não nos devemos esquecer que não está nas nossas mãos tomar decisões por outros, mas devemos sempre lembrar-nos que esses outros não terão jamais o direito de nos fazer sofrer, de nos humilhar, de nos culpabilizar eternamente, porque ninguém tem o direito de magoar ninguém.



É duro ouvir um "não te perdoo" quando se sente verdadeiramente a dor do arrependimento, mas mais duro é ouvir a voz da consciência permanentemente a atacar-nos com pensamentos menos positivos a nosso próprio respeito só porque o "não te perdoo" insiste em despir vergonhosamente a ferida com o intuito de humilhar. Basta! Há um tempo para ouvir basta! Há um tempo para dizer basta!



O remédio eficaz para se conseguir novamente retomar o caminho inicial traçado por nós no papel da nossa vida é de digestão dificil, mas existe, chama-se perdão... o mesmo perdão que não nos quiseram, souberam e/ou puderam dar. Nós precisamos pedir perdão à nossa própria consciência para conseguir sentir que não é pelo facto de se ter errado que devemos ser punidos eternamente, seja lá qual fôr o tempo da eternidade.


Não é mesmo nada fácil, mas na vida o que é que chega a ser fácil?

Penso que seja este o caminho para nos trazer de volta a paz de espírito, porque o perdão vem de um lugar sincero... o coração.



(To whom it may concern)

Como se fosse a primeira vez



Eu adoro esse filme. Mas não é sobre ele esse texto. É sobre a sensação de estar começando - mesmo que seja de novo. O primeiro beijo da vida de uma pessoa é único, a primeira relação, seja ela sexual ou não, também. Tudo tem uma primeira vez, uma primeira e única vez. Mas quando a gente ama pela derradeira, depois que acaba e a gente esvazia o coração, o próximo sentimento parecido com gostar já nos traz as mesmas sensações de vivências adolescentes e infantis.

Parece que a gente esquece como beija, como dança um samba, como bebe aquela cerveja de maneira charmosa. A barriga com borboletas, o nervosismo. A ansiedade, você quer parecer estar pensando em qualquer coisa menos naquela pessoa, quando está por perto dela. Você quer disfarçar a total falta de noção do que dizer, pra não falar besteira e nem falar demais. Você morre de vergonha, mas disfarça, é claro. Olha pro lado, faz um comentário completamente idiota, dá um risinho.

É como se fosse a primeira vez porque não deixa de ser. Você já esqueceu como é dar as mãos quando as suas e as do outro se encaixam. Mas como é que pode, se eu achei que isso aconteceria uma vez na minha vida? Será que é dessa vez que eu achei o tão esperado amor da minha vida? Será que eu errei - de novo? E vou ter que passar por tudo aquilo - de novo!!!? Porque a cabeça do ser humano funciona assim, pensando no muito depois, quando pode simplesmente aproveitar o agora.

Sabe-se lá se amanhã tudo isso acaba. Dá um medo terrível; "meu Deus, vou me arrepender de tudo isso que eu tô dizendo, que eu tô fazendo, tenho certeza absoluta". É, mas você também tinha daquela vez e olha só: suas certezas podem não ser muito duradouras. É verdade. Larga mão de ser pessimista, larga a mão de querer adivinhar um futuro que ninguém sabe. O que a gente sabe é que o comecinho é muito bom - e aposta que a tendência é que o 'em breve' seja ainda melhor. :)

A minha felicidade não é a sua

Logo que li esse texto, faz algum tempo, pensei em como podemos ser felizes de maneiras simples, por causa de momentos insignificantes e até ruins, e na feia mania que temos de achar que sabemos sobre as alegrias e agruras alheias.
A gente vive fazendo pré-julgamentos. A gente vive sendo preconceituado. Sinto agonia quando distorcem uma frase minha ou a colocam em destaque fora daquele contexto que existia quando me expressei com vontade apenas de compartilhar, e, assim, lêem o que presumem que eu seja. Quem gosta disso? Eu também assumo que já me permiti deduções parecidas.
O texto de Martha nos leva a uma reflexão objetiva, com a "sabedoria que um dia quero ter". Uma das partes que eu mais gosto é a que diz que "um ser humano é muito feliz se lida bem com suas precariedades". A gente pode ser feliz de diversas formas e até aceitando que os infortúnios fazem parte da vida. Na minha opinião, assim também ocupamos nosso precioso tempo conosco... temos que corrigir tantos defeitos nossos, não? Leiam com atenção.

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A minha felicidade não é a sua

NO MAIS RECENTE LIVRO DE CARLOS Moraes, o ótimo “Agora Deus vai te pegar lá fora”, há um trecho em que uma mulher ouve a seguinte pergunta de um major: “Por que você não é feliz como todo mundo?” A que ela responde mais ou menos assim: “Como o senhor ousa dizer que não sou feliz? O que o senhor sabe do que eu digo para o meu marido depois do amor? E do que eu sinto quando ouço Vivaldi? E do que eu rio com meu filho? E por que mundos viajo quando leio Murilo Mendes? A sua felicidade, que eu respeito, não é a minha, major.”

E assim é. Temos a pretensão de decretar quem é feliz ou infeliz de acordo com nossa ótica particular, como se felicidade fosse algo que pudesse ser visualizado. Somos apresentados a alguém com olheiras profundas e imediatamente passamos a lamentar suas prováveis noites insones causadas por problemas tortuosos. Ou alguém faz uma queixa infantil da esposa e rapidamente decretamos que é um fracassado no amor, que seu casamento deve ser um inferno, pobre sujeito. É nestas horas que junto a ponta dos cinco dedos da mão e sacudo-a no ar, feito uma italiana indignada: mas que sabemos nós da vida dos outros, catzo ?

Nossos momentos felizes se dão, quase todos, na intimidade, quando ninguém está nos vendo. O barulho da chave da porta, de madrugada, trazendo um adolescente de volta pra casa. O cálice de vinho oferecido por uma amiga com quem acabamos de fazer as pazes. Sentar-se no cinema, sozinho, para assistir ao filme tão esperado. Depois de anos com o coração em marcha lenta, rever um ex-amor e descobrir que ainda é capaz de sentir palpitações. Os acordos secretos que temos com filhos, netos, amigos. A emoção provocada por uma frase de um livro. A felicidade de uma cura. E a infelicidade aceita como parte do jogo — ninguém é tão feliz quanto aquele que lida bem com suas precariedades.

O que sei eu sobre aquele que parece radiante e aquela outra que parece à beira do suicídio? Eles podem parecer o que for e eu seguirei sem saber de nada, sem saber de onde eles extraem prazer e dor, como administram seus azedumes e seus êxtases, e muito menos por quanto anda a cotação de felicidade em suas vidas. Costumamos julgar roupas, comportamento, caráter — juízes indefectíveis que somos da vida alheia — mas é um atrevimento nos outorgar o direito de reconhecer, apenas pelas aparências, quem sofre e quem está em paz.

A sua felicidade não é a minha, e a minha não é a de ninguém. Não se sabe nunca o que emociona intimamente uma pessoa, a que ela recorre para conquistar serenidade, em quais pensamentos se ampara quando quer descansar do mundo, o quanto de energia coloca no que faz, e no que ela é capaz de desfazer para manter-se sã. Toda felicidade é construída por emoções secretas. Podem até comentar sobre nós, mas nos capturar, só com a nossa permissão.

Martha Medeiros ( Doidas e Santas )





Há várias semanas nas listas de livros mais vendidos de todo o país, Doidas e santas (L&PM, 232 pgs. R$31) reúne cem crônicas da gaúcha Martha Medeiros, cronista, poeta e romancista que vem conquistando uma legião cada vez maior de leitores (e sobretudo leitoras) com textos que abordam diferentes questões da vida contemporânea. Amor, maternidade, sexo, família, casamento e as neuroses da vida urbana são alguns dos temas abordados no livro, que mapeia a mutante ordem afetiva em que vivemos.

G1: Ao longo de sua vida, você foi mais doida ou santa? E no momento atual?

MARTHA MEDEIROS: São dois adjetivos fortes e muito antagônicos. Acho que sempre fui mais santa, no sentido de não ser rebelde, de seguir certas regras, de não virar muitas mesas. De algum tempo para cá, estou virando algumas, todas particulares e sem fazer muito estardalhaço. Não chego a ser uma doida graduada, mas aprendi a respeitar minhas pequenas loucuras secretas.

G1: A crônica que dá título ao seu novo livro foi inspirado num verso de Adélia Prado: “Estou no começo do meu desespero/ e só vejo dois caminhos:/ ou viro doida ou santa”. Você acha que a mulher brasileira contemporânea realmente vive esse dilema?

MARTHA: Não tive a pretensão de retratar a mulher brasileira contemporânea. Essa crônica fala genericamente das escolhas que uma mulher madura faz: ou ela segue tentando satisfazer seus desejos ou interrompe as buscas. Costuma-se dizer que uma mulher de certa idade que ainda almeja paixões é uma doida, as santas serenizam. Na minha opinião, essas santas é que são loucas.

G1: Lá pelas tantas você escreve: “Toda mulher é doida. Eu só conheço mulher louca”. Se um homem escrevesse isso, talvez fosse apedrejado… Seus leitores às vezes reagem mal ao que você escreve? Em que medida o retorno que eles dão afeta a sua escrita?

MARTHA: Nenhum homem seria apedrejado se escrevesse isso, a não ser por mulheres muito mal humoradas, porque está na cara que ser “louca”, no sentido em que uso, é um elogio a todas nós. É a loucura do eterno questionamento, de não se contentar com o que parece definitivo, de possuir inúmeras vontades, mesmo contraditórias: casar e não casar, ter filhos e não ter filhos… É a loucura sadia de querer se conhecer profundamente, já que não muito tempo atrás nosso papel era muito definido e inquestionável. Antes éramos mulheres privadas, agora somos públicas. Ainda estamos em estado de excitação: falamos demais, gesticulamos demais, queremos demais, amamos demais. Somos ainda bastante superlativas. Quanto ao retorno dos leitores, é estimulante, mas não muda o caráter da minha escrita. Aceito críticas bem argumentadas e que são feitas com educação, e deleto as grosserias, mas na maior parte do tempo recebo elogios, pAra minha sorte. De qualquer forma, não há como alterar o
jeito de escrever em função de uma reação ou outra: eu faço o que sei fazer, não conheço outro jeito.

G1: Você está entre os escritores mais reproduzidos Na Internet. Como enxerga a crescente “virtualização” da vida, dos relacionamentos, da comunicação entre as pessoas?

MARTHA: Duas coisas: a reprodução dos meus textos pela Internet, apesar de me
divulgar, me incomoda barbaramente. Eu me daria por satisfeita em ser lida nos jornais e nos livros – o que já é bom demais. Na Internet, perco o controle do meu trabalho. Meus textos ganham enxertos, ganham cortes, ganham novas autorias, vêm acompanhados de músicas que não são do meu gosto, de ilustrações que não acrescentam nada, enfim, me sinto violada, apesar de entender que nada posso fazer quanto a isso, e que há uma generosidade do leitor por trás dessa propagação do meu trabalho. Me rendo. Quanto à virtualização da vida, ninguém nos obriga a isso, é uma opção nossa. A comunicação por e-mail é facilitadora, dinamiza as relações. Já expor a vida no Orkut me parece pura vaidade. Mas ela é explicável neste mundo onde você só “existe” se tiver uma vasta platéia. Ninguém mais está interessado em existir apenas para si mesmo.

G1: E como analisa esse impulso à exposição da intimidade, que fica explícita nas redes sociais, mas também em programas de televisão e mesmo no dia-a-dia, nas conversas cotidianas? A que atribui isso?

MARTHA: Acho que é isso: vaidade e solidão. Estamos vivendo uma época em que
todos sentem necessidade de “aparecer” para comprovar sua existência. Claro que isso não acontece com todo mundo, mas me parece que esse universo espetaculoso que a gente vê nas revistas e na televisão está gerando muitos complexos de inferioridade por aí, e a gente sabe que quanto mais inferior a pessoa se sente, mas necessidade tem de se exibir, de se expor, de ser arrogante.

G1: Várias crônicas suas falam sobre o casamento e a relação a dois. Você acha que o casamento e a família estão em crise? Que futuro você enxerga para essas duas instituições numa sociedade em que todos os laços parecem cada vez mais instáveis e frágeis?

MARTHA: Eu creio que todo mundo segue almejando uma relação estável, uma
relação de amor. Falta aceitar que o “pra sempre” não existe mais, porque temos mais oportunidades e mais longevidade, e isso dinamiza a vida. Se aceitarmos que não é nenhum fiasco vivenciar, ao longo da vida, duas ou três relações estáveis – sem contar as provisórias, contingentes, como dizia Simone de Beauvoir – ninguém mais falará em fracasso ou crise. Se observarmos bem, já estamos vivendo essa realidade. Falta aceitá-la como padrão de normalidade.

G1: Encontrar a felicidade amorosa virou quase uma obrigação muito pesada, especialmente para as mulheres. Vivemos uma fase de desespero afetivo, em que as pessoas buscam o amor a qualquer preço?

MARTHA: A qualquer preço, nem todos. Buscar a felicidade amorosa sempre foi
um objetivo do ser humano. Algumas pessoas realmente se desesperam e se jogam em qualquer oportunidade de contato, mas quem somos nós para julgar? E se esse preço não for caro pra elas? Outras aceitam a idéia de viverem sozinhas, até que surja alguém em quem valha a pena investir. Acho que a patrulha era até pior antes: se você não fosse casado, era uma solteirona recalcada (nós) ou playboys indignos de confiança (vocês). Uma enorme pressão. Hoje as pessoas já não cobram tanto se você é solteiro ou casado, ainda que a sociedade sempre receba com mais alegria os “pares” do que os “ímpares”.

G1: Lutas de décadas passadas, especialmente das mulheres, são hoje conquistas
consolidadas. Mas existe um clima de insatisfação permanente no ar, ou não? Você acha que as pessoas estão mais felizes na nova ordem em que vivemos, de “fast relationships”?

MARTHA: Acho que a insatisfação feminina está mais relacionada à quantidade
de responsabilidades que ela tem assumido. Parece que é preciso ser super-mulher para provar que a revolução feminista vingou. Vejo certas capas de revistas, e parecemos todas biônicas, infladas, poderosas. Creio que é o momento de buscar um equilíbrio nas tarefas e não se importar muito com o que a sociedade espera de nós. Quanto às fast relationships, eu sei que é isso que rola, mas fica difícil eu comentar sobre algo que não tenho testemunhado in loco. Ao menos nos circuitos que eu freqüento – bastante caseiros, reconheço – ninguém está se sentindo condenado a essa brevidade: tem muita gente aí a fim de investir numa relação, de não ficar trocando de par a cada semana. O que as revistas mostram, a vida das celebridades, não pode ser analisada como padrão de comportamento.

G1: O fato de ser gaúcha ajuda você a ter uma percepção diferente das coisas? A sociedade gaúcha é mais machista e conservadora que a do eixo Rio-São Paulo? Ou isso é um preconceito?

MARTHA: Não sei se o meu trabalho seria diferente no caso de eu ter nascido no
Rio de Janeiro ou em São Paulo. Se eu tivesse nascido de outro pai e outra mãe, aí sim: seria uma pessoa diferente. Mas minha influência cultural não vem apenas de costumes regionais: vem dos livros, do cinema, das viagens, de idéias que extrapolam fronteiras. O Rio Grande do Sul tem uma tradição machista, mas ao mesmo tempo foi o primeiro estado a apoiar a união entre homossexuais. É um estado conservador e, ao mesmo tempo, foi o primeiro a dar suporte ao PT, quando este ainda era um partido totalmente alinhado com uma esquerda dita revolucionária. Então prefiro não me amparar em estereótipos. Acho que temos uma queda por rótulos, o que reduz a visão do todo.

G1: A sua experiência na publicidade afetou de alguma maneira a sua escrita, no sentido de ter ensinado a “seduzir” o leitor?

MARTHA: Sem dúvida. O texto publicitário quer persuadir, antes de tudo. Trabalhei cerca de 14 anos nessa área e certamente trouxe alguns cacoetes para a crônica, só que meu universo agora não é mais o de compra e venda de produtos, e sim o da permuta de idéias, do compartilhamento de reflexões. Ainda assim, reconheço que meu texto procura “ganhar” o leitor através de uma comunicabilidade amparada no humor e no coloquialismo, e isso tem a ver com a propaganda. Meu texto não é indiferente em relação a quem o lê.

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Simplismente Audrey



Já ouviu falar de Audry Hepburn? Uma atriz do passado, porém considerada uma das mulheres mais elegantes e refinadas de todos os tempos. A atriz do filme Bonequinha de Luxo (Breakfast at Tiffany’s, 1961) conquistou o mundo com seu lindo rosto, sua elegância e seus profundos olhos castanhos.
Segundo o estilista Givenchy, Audrey era um ideal de elegância e uma inspiração para o trabalho dele. Adorável, além de um rosto bonito, Audrey era uma mulher humilde, gentil e charmosa, que preferia cuidar dos outros a seu redor do que de si mesma. Foi embaixatriz da UNICEF, trabalhou incansavelmente como voluntária para causas infantis. Um exemplo a ser seguido, sem duvida, por sua humanidade e extrema elegância. Infindáveis e admiráveis qualidades, que iam além de seu talento como atriz. Um ser humano exemplar.

Certa vez, foi pedido à Audrey Hepburn que revelasse suas dicas de beleza. Ela assim respondeu:

“Para ter lábios atraentes, diga palavras doces; para ter olhos belos, procure ver o lado bom das pessoas; para ter um corpo esguio, divida sua comida com os famintos; para ter cabelos bonitos, deixe uma criança passar seus dedos por eles pelo menos uma vez por dia; para ter boa postura, caminhe com a certeza de que nunca andará sozinho; pessoas, muito mais que coisas, devem ser restauradas, revividas, resgatadas e redimidas; lembre-se que, se alguma vez precisar de uma mão amiga, você a encontrará no final do seu braço. Ao ficarmos mais velhos, descobrimos porque temos duas mãos, uma para ajudar a nós mesmos, a outra para ajudar o próximo; a beleza de uma mulher não está nas roupas que ela veste, nem no corpo que ela carrega, ou na forma como penteia o cabelo. A beleza de uma mulher deve ser vista nos seus olhos, porque esta é a porta para seu coração, o lugar onde o amor reside.”

Simplesmente, adorável, não acham?

O verdadeiro significado do Natal não pode ser esquecido

Senhor,
Perdoe a pequenez humana que insiste em transformar a data de comemoração do seu nascimento em época de esbanjar dinheiro com presentes e comidas, quando tantos carecem de um lar. Muitos esquecem da importância da sua vinda a Terra: ensinar-nos a sermos pessoas de bem para que pudéssemos caminhar em direção ao Pai. Aprendemos? Não. Por isso estamos aqui. Caminhamos, tropeçamos, reclamamos das nossas dores - ah, como elas incomodam, e sequer usamos uma coroa de espinhos! Muitas vezes julgamo-nos injustiçados sem voltar os olhos aos céus para entender que nós condenamos Seus atos há 2000 anos e fomos perdoados. Dividir? O que temos como supérfluo não deveria contar, será que teríamos a capacidade de doar o que nos faria falta? Sinto-me tão envergonhada por pensamentos, atitudes, pelo que poderia fazer pelo próximo e não faço… Mas eu quero melhorar e seguir Seu exemplo em todos os momentos da minha vida. És Meu Mestre, Aquele com quem sei que posso dividir minhas lágrimas e meus sorrisos. Obrigada por cuidar de nós, crianças grandes que não aprenderam quase nada com Sua vida de abnegação. E, no seu aniversário, rogo que as pessoas reúnam-se em família, em paz, e façam uma prece em Seu nome, pois esse é o maior presente que poderíamos Lhe ofertar: o encontro íntimo com nossa consciência e votos sinceros de que seguiremos seus ensinamentos de fé e amor.
Assim Seja,

Receita de ano novo

( Carlos Drummond de Andrade )

Para você ganhar belíssimo Ano Novo
cor do arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação com todo o tempo já vivido
(mal vivido talvez ou sem sentido)
para você ganhar um ano
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser;
novo
até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior)
novo, espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha,
você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens?
passa telegramas?)



Não precisa
fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar arrependido
pelas besteiras consumidas
nem parvamente acreditar
que por decreto de esperança
a partir de janeiro as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando
pelo direito augusto de viver.


Para ganhar um Ano Novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.

Só de Sacanagem

Meu coração está aos pulos!
Quantas vezes minha esperança será posta à prova?
Por quantas provas terá ela que passar?
Tudo isso que está aí no ar: malas, cuecas que voam entupidas de dinheiro, do meu dinheiro, do nosso dinheiro que reservamos duramente pra educar os meninos mais pobres que nós, pra cuidar gratuitamente da saúde deles e dos seus pais.
Esse dinheiro viaja na bagagem da impunidade e eu não posso mais.
Quantas vezes, meu amigo, meu rapaz, minha confiança vai ser posta à prova?
Quantas vezes minha esperança vai esperar no cais?
É certo que tempos difíceis existem pra aperfeiçoar o aprendiz, mas não é certo que a mentira dos maus brasileiros venha quebrar no nosso nariz.
Meu coração tá no escuro.
A luz é simples, regada ao conselho simples de meu pai, minha mãe, minha avó e os justos que os precederam:
" - Não roubarás!"
" - Devolva o lápis do coleguinha!"
" - Esse apontador não é seu, minha filha!"
Ao invés disso, tanta coisa nojenta e torpe tenho tido que escutar. Até habeas-corpus preventivo, coisa da qual nunca tinha visto falar, e sobre o qual minha pobre lógica ainda insiste: esse é o tipo de benefício que só ao culpado interessará.
Pois bem, se mexeram comigo, com a velha e fiel fé do meu povo sofrido, então agora eu vou sacanear: mais honesta ainda eu vou ficar. Só de sacanagem!
Dirão:
“ - Deixa de ser boba, desde Cabral que aqui todo o mundo rouba.”
E eu vou dizer:
”- Não importa! Será esse o meu carnaval. Vou confiar mais e outra vez. Eu, meu irmão, meu filho e meus amigos. Vamos pagar limpo a quem a gente deve e receber limpo do nosso freguês. Com o tempo a gente consegue ser livre, ético e o escambau.”
Dirão:
" - É inútil, todo o mundo aqui é corrupto, desde o primeiro homem que veio de Portugal”.
E eu direi:
” - Não admito! Minha esperança é imortal!”
E eu repito, ouviram?
IMORTAL!!!
Sei que não dá pra mudar o começo, mas, se a gente quiser, vai dar pra mudar o final.


Elisa Lucinda

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

tristeza

Tristeza é quando chove
quando está calor demais
quando o corpo dói
e os olhos pesam
tristeza é quando se dorme pouco
quando a voz sai fraca
quando as palavras cessam
e o corpo desobedece
tristeza é quando não se acha graça
quando não se sente fome
quando qualquer bobagem
nos faz chorar
tristeza é quando parece
que não vai acabar”

Martha Medeiros

O mulherão

Peça para um homem descrever um mulherão.Ele imediatamente vai falar do tamanho dos seios,na medida da cintura,no volume dos lábios,nas pernas,bumbum e cor dos olhos.Ou vai dizer que mulherão tem que ser loira,1,80m,siliconada,sorriso colgate.Mulherões,dentro deste conceito,não existem muitas:Vera Fischer,Leticia Spiller,Malu Mader,Adriane Galisteu,Lumas e Brunas.Agora pergunte para uma mulher o que ela considera um mulherão e você vai descobrir que tem uma a cada esquina.

Mulherão é aquela que pega dois ônibus por dia para ir ao trabalho e mais dois para voltar,e quando chega em casa encontra um tanque lotado de roupa e uma família morta de fome.Mulherão é aquela que vai de madrugada para a fila garantir matricula na escola e aquela aposentada que passa horas em pé na fila do banco para buscar uma pensão de 100 Reais.
Mulherão é a empresária que administra dezenas de funcionários de segunda a sexta, e uma família todos os dias da semana.Mulherão é quem volta do supermercado segurando várias sacolas depois de ter pesquisado preços e feito malabarismo com o orçamento.Mulherão é aquela que se depila, que passa cremes, que se maquia, que faz dieta,que malha,que usa salto alto, meia-calça,ajeita o cabelo e se perfuma,mesmo sem nenhum convite para ser capa de revista.Mulherão é quem leva os filhos na escola,busca os filhos na escola,leva os filhos para a natação,busca os filhos na natação,leva os filhos para a cama,conta histórias,dá um beijo e apaga a luz.Mulherão é aquela mãe de adolescente que não dorme enquanto ele não chega, e que de manhã bem cedo já está de pé, esquentando o leite.
Mulherão é quem leciona em troca de um salário mínimo,é quem faz serviços voluntários,é quem colhe uva,é quem opera pacientes,é quem lava roupa pra fora,é quem bota a mesa,cozinha o feijão e à tarde trabalha atrás de um balcão.Mulherão é quem cria filhos sozinha, quem dá expediente de oito horas e enfrenta menopausa,TPM,menstruação.Mulherão é quem arruma os armários, coloca flores nos vasos,fecha a cortina para o sol não desbotar os móveis, mantém a geladeira cheia e os cinzeiros vazios.Mulherão é quem sabe onde cada coisa está, o que cada filho sente e qual o melhor remédio pra azia.

LUMAS,BRUNAS,CARLAS,LUANAS E SHEILAS:Mulheres nota dez no quisito lindas de morrer, mas MULHERÃO É QUEM MATA UM LEÃO POR DIA

Martha Medeiros

domingo, 14 de dezembro de 2008

Borboleta



Sempre tive admiração pelas borboletas(...) são, ao mesmo tempo, belas e corajosas, porque além de exibirem a beleza, são capazes de sair do casulo e viver...
Eis o melhor e o pior de mim
O meu termômetro,
O meu quilate
Vem, cara, me retrate
Não é impossível
Eu não sou difícil de ler
Faça sua parte
Eu sou daqui, eu não sou de Marte
Vem, cara, me repara
Não vê, tá na cara,
Sou porta bandeira de mim
Só não se perca ao entrar
No meu infinito particular
Em alguns instantes
Sou pequenina e também gigante
Vem, cara, se declara
O mundo é portátil
Pra quem não tem nada a esconder
Olha minha cara
É só mistério, não tem segredo
Vem cá, não tenha medo
A água é potável
Daqui você pode beber
Só não se perca ao entrar
No meu infinito particular"

sábado, 6 de dezembro de 2008

E se fosse Verdade ?




Sabe aquela sensação de já ter vivido , dito uma coisa ? Sabe aquela pessoa que você tem certeza que não conhece mas parece que vcs já se conheciam .Assistam ao filme E se fosse verdade e entendam do q estou falando .

É Proibido - Pablo Neruda


É proibido chorar sem aprender, Levantar-se um dia sem saber o que fazer,

Ter medo de suas lembranças. É proibido não rir dos problemas
Não lutar pelo que se quer,
Abandonar tudo por medo,

Não transformar sonhos em realidade.
É proibido não demonstrar amor
Fazer com que alguém pague por tuas dúvidas e mau-humor.
É proibido deixar os amigos

Não tentar compreender o que viveram juntos
Chamá-los somente quando necessita deles.
É proibido não ser você mesmo diante das pessoas,
Fingir que elas não te importam,

Ser gentil só para que se lembrem de você,
Esquecer aqueles que gostam de você.
É proibido não fazer as coisas por si mesmo,
Não crer em Deus e fazer seu destino,

Ter medo da vida e de seus compromissos,
Não viver cada dia como se fosse um último suspiro.
É proibido sentir saudades de alguém sem se alegrar,

Esquecer seus olhos, seu sorriso, só porque seus caminhos se
desencontraram,
Esquecer seu passado e pagá-lo com seu presente.
É proibido não tentar compreender as pessoas,
Pensar que as vidas deles valem mais que a sua,

Não saber que cada um tem seu caminho e sua sorte.
É proibido não criar sua história,
Deixar de dar graças a Deus por sua vida,

Não ter um momento para quem necessita de você,
Não compreender que o que a vida te dá, também te tira.
É proibido não buscar a felicidade,

Não viver sua vida com uma atitude positiva,
Não pensar que podemos ser melhores,
Não sentir que sem você este mundo não seria igual.

Pablo Neruda

Arte por Romero Brito



Eu simplismente sou apaixonada pelas obras do Romero , Para quem não conhece vou falar um pouquinho sobre quen é esse artista . Apaixone-se

Romero Britto (Recife, 6 de outubro de 1963) é um pintor e escultor brasileiro.

Romero é conhecido como artista pop brasileiro, sendo radicado em Miami. Suas obras caíram no gosto das celebridades por sua alegria, colorido e imaginação, tendo sido alçado para a fama ao realizar a ilustração de uma campanha publicitária para a vodka Absolut. Começou no mundo do "grafite" e hoje é o artista preferido de vários atores e atrizes hollywoodianos. Porém nunca obteve sucesso com a crítica especializada.

Aos oito anos começou a mostrar interesse e talento pelas artes. Com muita imaginação e criatividade, pintava em sucatas, papelão e jornal. Sua família o ajudava a desenvolver seu talento natural, dando-lhe livros de arte para estudar.

Aos 14 anos fez sua primeira exibição pública e vendeu seu primeiro quadro à Organização dos Estados Americanos. Embora encorajado por este sucesso precoce, as circunstâncias modestas de sua vida o motivaram a estabelecer metas e a criar seu próprio futuro: "Na condição de criança pobre no Brasil, tive contato com o lado mais sombrio da humanidade. Como resultado, passei a pintar para trazer luz e cor para minha vida."

Freqüentou escolas públicas, recebeu bolsa de estudos para uma escola preparatória e, aos 17 anos, entrou na Universidade Católica de Pernambuco, no curso de Direito. Viajou para a Europa para visitar lugares novos e ver a arte que só conhecia nos livros.

Na maioria das obras de Romero Britto, ele usa textura gráfica e, geralmente, elas tratam de assuntos importantes para o dia-a-dia. Suas obras, na maioria das vezes, não são exatamente iguais à realidade, pois apresentam linhas, pontos, divisões e fragmentos de sua assinatura (em grande parte das obras).

Atualmente, Romero mora nos Estados Unidos da América, e é casado com a estadunidense Sharon, com quem tem um filho.

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Experimente me amar




Pode invadir ou chegar com delicadeza, mas não tão devagar que me faça dormir. Não grite comigo, tenho o péssimo hábito de revidar. Acordo pela manhã com ótimo humor mas ... permita que eu escove os dentes primeiro. Toque muito em mim, principalmente nos cabelos e minta sobre minha nocauteante beleza. Tenho vida própria, me faça sentir saudades, conte algumas coisas que me façam rir, mas não conte piadas e nem seja preconceituoso, não perca tempo, cultivando este tipo de herança de seus pais. Viaje antes de me conhecer, sofra antes de mim para reconhecer-me um porto, um albergue da juventude. Eu saio em conta, você não gastará muito comigo. Acredite nas verdades que digo e também nas mentiras, elas serão raras e sempre por uma boa causa. Respeite meu choro, me deixe sózinha, só volte quando eu chamar e, não me obedeça sempre que eu também gosto de ser contrariada. ( Então fique comigo quando eu chorar, combinado?). Seja mais forte que eu e menos altruísta! Não se vista tão bem... gosto de camisa para fora da calça, gosto de braços, gosto de pernas e muito de pescoço. Reverenciarei tudo em você que estiver a meu gosto: boca, cabelos, os pelos do peito e um joelho esfolado, você tem que se esfolar as vezes, mesmo na sua idade. Leia, escolha seus próprios livros, releia-os. Odeie a vida doméstica e os agitos noturnos. Seja um pouco caseiro e um pouco da vida, não de boate que isto é coisa de gente triste. Não seja escravo da televisão, nem xiita contra. Nem escravo meu, nem filho meu, nem meu pai. Escolha um papel para você que ainda não tenha sido preenchido e o invente muitas vezes.

Me enlouqueça uma vez por mês mas, me faça uma louca boa, uma louca que ache graça em tudo que rime com louca: loba, boba, rouca, boca ... Goste de música e de sexo. goste de um esporte não muito banal. Não invente de querer muitos filhos, me carregar pra a missa, apresentar sua familia... isso a gente vê depois ... se calhar ... Deixa eu dirigir o seu carro, que você adora. Quero ver você nervoso, inquieto, olhe para outras mulheres, tenha amigos e digam muitas bobagens juntos. Não me conte seus segredos ... me faça massagem nas costas. Não fume, beba, chore, eleja algumas contravenções. Me rapte! Se nada disso funcionar ... experimente me amar!

Martha Medeiros

FAZ DE CONTA

Não respondo teus e-mails, e quando respondo sou ríspido, distante, mantenho-me alheio: FAZ DE CONTA QUE EU TE ODEIO

Te encho de palavras carinhosas, não economizo elogios, me surpreendo de tanto afeto que consigo inventar, sou uma atriz, sou do ramo: FAZ DE CONTA QUE EU TE AMO.

Estou sempre olhando pro relógio, sempre enaltecendo os planos que eu tinha e que os outros boicotaram, sempre reclamando que os outros fazem tudo errado: FAZ DE CONTA QUE EU DOU CONTA DO RECADO.

Debocho de festas e de roupas glamurosas, não entendo como é que alguém consegue dormir tarde todas as noites, convidados permanentes para baladas na área vip do inferno: FAZ DE CONTA QUE EU NÃO QUERO.

Choro ao assistir o telejornal, lamento a dor dos outros e passo noites em claro tentando entender corrupções, descasos, tudo o que demonstra o quanto foi desperdiçado meu voto:FAZ DE CONTA QUE EU ME IMPORTO.

Digo que perdôo, ofereço cafezinho, lembro dos bons momentos, digo que os ruins ficaram no passado, que já não lembro de nada, pessoas maduras sabem que toda mágoa é peso morto: FAZ DE CONTA QUE EU NÃO SOFRO.

Cito Aristóteles e Platão, aplaudo ferros retorcidos em galerias de arte, leio poesia concreta, compro telas abstratas, fico fascinada com um arranjo techno para uma música clássica e assisto sem legenda o mais recente filme romeno: FAZ DE CONTA QUE EU ENTENDO.

Tenho todos os ingredientes para um sanduíche inesquecível, a porta da geladeira está lotada de imãs de tele-entrega, mantenho um bar razoavelmente abastecido, um pouco de sal e pimenta na despensa e o fogão tem oito anos mas parece zerinho: FAZ DE CONTA QUE EU COZINHO.

Bem-vindo à Disney, o mundo da fantasia, qual é o seu papel? Você pode ser um fantasma que atravessa paredes, ser anão ou ser gigante, um menino prodígio que decorou bem o texto, a criança ingênua que confiou na bruxa, uma sex symbol a espera do seu cowboy:FAZ DE CONTA QUE NÃO DÓI.
Martha Medeiros

A DOR QUE DÓI MAIS

A DOR QUE DÓI MAIS

Trancar o dedo numa porta dói. Bater com o queixo no chão dói. Torcer o tornozelo dói. Um tapa, um soco, um pontapé, dóem. Dói bater a cabeça na quina da mesa, dói morder a língua, dói cólica, cárie e pedra no rim. Mas o que mais dói é saudade.
Saudade de um irmão que mora longe. Saudade de uma cachoeira da infância. Saudade do gosto de uma fruta que não se encontra mais. Saudade do pai que já morreu. Saudade de um amigo imaginário que nunca existiu. Saudade de uma cidade. Saudade da gente mesmo, quando se tinha mais audácia e menos cabelos brancos. Dóem essas saudades todas.
Mas a saudade mais dolorida é a saudade de quem se ama. Saudade da pele, do cheiro, dos beijos. Saudade da presença, e até da ausência consentida. Você podia ficar na sala e ele no quarto, sem se verem, mas sabiam-se lá. Você podia ir para o aeroporto e ele para o dentista, mas sabiam-se onde. Você podia ficar o dia sem vê-lo, ele o dia sem vê-la, mas sabiam-se amanhã. Mas quando o amor de um acaba, ao outro sobra uma saudade que ninguém sabe como deter.

Saudade é não saber. Não saber mais se ele continua se gripando no inverno. Não saber mais se ela continua clareando o cabelo. Não saber se ele ainda usa a camisa que você deu. Não saber se ela foi na consulta com o dermatologista como prometeu. Não saber se ele tem comido frango de padaria, se ela tem assistido as aulas de inglês, se ele aprendeu a entrar na Internet, se ela aprendeu a estacionar entre dois carros, se ele continua fumando Carlton, se ela continua preferindo Pepsi, se ele continua sorrindo, se ela continua dançando, se ele continua pescando, se ela continua lhe amando.

Saudade é não saber. Não saber o que fazer com os dias que ficaram mais compridos, não saber como encontrar tarefas que lhe cessem o pensamento, não saber como frear as lágrimas diante de uma música, não saber como vencer a dor de um silêncio que nada preenche.

Saudade é não querer saber. Não querer saber se ele está com outra, se ela está feliz, se ele está mais magro, se ela está mais bela. Saudade é nunca mais querer saber de quem se ama, e ainda assim, doer.
Martha Medeiros

Para meus amigos...

Para meus amigos que estão...SOLTEIROS
O amor é como uma borboleta. Por mais que tente pegá-la, ela fugirá.
Mas quando menos esperar, ela está ali do seu lado.
O amor pode te fazer feliz, mas às vezes também pode te ferir.
Mas o amor será especial apenas quando você tiver o objetivo de se dar somente a um alguém que seja realmente valioso. Por isso, aproveite o tempo livre para escolher .

Para meus amigos...NÃO SOLTEIROS
Amor não é se envolver com a "pessoa perfeita", aquela dos nossos sonhos.
Não existem príncipes nem princesas.
Encare a outra pessoa de forma sincera e real, exaltando suas qualidades, mas sabendo também de seus defeitos.
O amor só é lindo, quando encontramos alguém que nos transforme no melhor que podemos ser.

Para meus amigos que gostam de...PAQUERAR
Nunca diga "te amo" se não te interessa.
Nunca fale sobre sentimentos se estes não existem.
Nunca toque numa vida, se não pretende romper um coração.
Nunca olhe nos olhos de alguém, se não quiser vê-lo derramar em lágrimas por causa de ti.

A COISA MAIS CRUEL QUE ALGUÉM PODE FAZER É PERMITIR QUE ALGUÉM SE APAIXONE POR VOCÊ, QUANDO VOCÊ NÃO PRETENDE FAZER O MESMO.

Para meus amigos...CASADOS.
O amor não te faz dizer "a culpa é", mas te faz dizer "me perdoe".
Compreender o outro, tentar sentir a diferença, se colocar no seu lugar.
Diz o ditado que um casal feliz é aquele feito de dois bons perdoadores.
A verdadeira medida de compatibilidade não são os anos que passaram juntos;
mas sim o quanto nesses anos vocês foram bons um para o outro.

Para meus amigos que têm um CORAÇÃO PARTIDO
Um coração assim dura o tempo que você deseje que ele dure, e ele lastimará o tempo que você permitir.
Um coração partido sente saudades, imagina como seria bom, mas não permita que ele chore para sempre.
Permita-se rir e conhecer outros corações.
Aprenda a viver, aprenda a amar as pessoas com solidariedade, aprenda a fazer coisas boas, aprenda a ajudar os outros, aprenda a viver sua própria vida.

A DOR DE UM CORAÇÃO PARTIDO É INEVITÁVEL, MAS O SOFRIMENTO É OPCIONAL!
E LEMBRE-SE: É MELHOR VER ALGUÉM QUE VOCÊ AMA FELIZ COM OUTRA PESSOA, DO QUE VÊ-LA INFELIZ AO SEU LADO.

Para meus amigos que são...INOCENTES.
Ela(e) se apaixonou por ti, e você não teve culpa, é verdade.
Mas pense que poderia ter acontecido com você. Seja sincero, mas não seja duro; não alimente esperanças, mas não seja crítico; você não precisa ser namorado(a), mas pode descobrir que ela(e) é uma ótima pessoa e pode vir a se tornar uma(um) grande amiga(o).

Para meus amigos que tem MEDO DE TERMINAR.
As vezes é duro terminar com alguém, e isso dói em você.
Mas dói muito mais quando alguém rompe contigo, não é verdade?
Mas o amor também dói muito quando ele não sabe o que você sente.
Não engane tal pessoa, não seja grosso(a) e rude esperando que ela(e) adivinhe o que você quer.
Não a (o) force terminar contigo, pois a melhor forma de ser respeitado é respeitando.

Pra terminar ...

Eterno, é tudo aquilo que dura uma fração de segundo, mas com tamanha intensidade, que se petrifica, e nenhuma força jamais o resgata....
Um dia descobrimos que beijar uma pessoa para esquecer outra, é bobagem.Você não só não esquece a outra pessoa como pensa muito mais nela...
Um dia descobrimos que se apaixonar é inevitável...
Um dia percebemos que as melhores provas de amor são as mais simples...
Um dia percebemos que o comum não nos atrai...
Um dia saberemos que ser classificado como o "bonzinho" não é bom . .
Um dia perceberemos que a pessoa que nunca te liga é a que mais pensa em você...
Um dia percebemos que somos muito importante para alguém, mas não damos valor a isso...
Um dia percebemos como aquele amigo faz falta, mas ai já é tarde demais...
Enfim...
Um dia descobrimos que apesar de viver quase um século esse tempo todo não é suficiente para realizarmos todos os nossos sonhos, para dizer tudo o que tem que ser dito...
O jeito é: ou nos conformamos com a falta de algumas coisas na nossa vida ou lutar para realizar todas as nossas loucuras...
Quem não compreende um olhar tampouco compreenderá uma longa explicação.
Martha Medeiros

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

PEDAÇOS DE MIM

Eu sou feito de
Sonhos interrompidos
detalhes despercebidos
amores mal resolvidos

Sou feito de
Choros sem ter razão
pessoas no coração
atos por impulsão

Sinto falta de
Lugares que não conheci
experiências que não vivi
momentos que já esqueci

Eu sou
Amor e carinho constante
distraída até o bastante
não paro por instante


Tive noites mal dormidas
perdi pessoas muito queridas
cumpri coisas não-prometidas

Muitas vezes eu
Desisti sem mesmo tentar
pensei em fugir,para não enfrentar
sorri para não chorar

Eu sinto pelas
Coisas que não mudei
amizades que não cultivei
aqueles que eu julguei
coisas que eu falei

Tenho saudade
De pessoas que fui conhecendo
lembranças que fui esquecendo
amigos que acabei perdendo
Mas continuo vivendo e aprendendo.
Martha Medeiros

Sumi

Texto da Martha Medeiros , que sempre escreve o que eu penso em dizer. rs


Sumi porque só faço besteira em sua presença, fico mudo
quando deveria verbalizar, digo um absurdo atrás do outro quando
melhor seria silenciar, faço brincadeiras de mau gosto e sofro
antes, durante e depois de te encontrar.
Sumi porque não há futuro e isso não é o mais difícil de
lidar, pior é não ter presente e o passado ser mais fluido que o ar.
Sumi porque não há o que se possa resgatar, meu sumiço é
covarde mas atento, meio fajuto meio autêntico, sumi porque
sumir é um jogo de paciência, ausentar-se é risco e sapiência,
pareço desinteressado, mas sumi para estar para sempre do seu
lado, a saudade fará mais por nós dois que nosso amor e sua
desajeitada e irrefletida permanência.

Martha Medeiros

bjs da Carol

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Olhe para todos a seu redor...

Olhe para todos a seu redor e veja o que temos feito de nós.
Não temos amado, acima de todas as coisas.
Não temos aceito o que não entendemos porque não queremos passar por tolos.
Temos amontoado coisas, coisas e coisas, mas não temos um ao outro.
Não temos nenhuma alegria que já não esteja catalogada.
Temos construído catedrais, e ficado do lado de fora, pois as catedrais que nós mesmos construímos,
tememos que sejam armadilhas.
Não nos temos entregue a nós mesmos, pois isso seria o começo de uma vida larga e nós a tememos.
Temos evitado cair de joelhos diante do primeiro de nós que por amor diga: tens medo.
Temos organizado associações e clubes sorridentes onde se serve com ou sem soda.
Temos procurado nos salvar, mas sem usar a palavra salvação para não nos envergonharmos de ser inocentes.
Não temos usado a palavra amor para não termos de reconhecer sua contextura de ódio, de ciúme e de tantos outros contraditórios.
Temos mantido em segredo a nossa morte para tornar nossa vida possível.
Muitos de nós fazem arte por não saber como é a outra coisa.
Temos disfarçado com falso amor a nossa indiferença, sabendo que nossa indiferença é angústia disfarçada.
Temos disfarçado com o pequeno medo o grande medo maior e por isso nunca falamos o que realmente importa.
Falar no que realmente importa é considerado uma gafe.
Não temos adorado por termos a sensata mesquinhez de nos lembrarmos a tempo dos falsos deuses.
Não temos sido puros e ingênuos para não rirmos de nós mesmos e para que no fim do dia possamos dizer “pelo menos não fui tolo” e assim não ficarmos perplexos antes de apagar a luz.
Temos sorrido em público do que não sorriríamos quando ficássemos sozinhos.
Temos chamado de fraqueza a nossa candura.
Temo-nos temido um ao outro, acima de tudo.
E a tudo isso consideramos a vitória nossa de cada dia…”

(Clarice Lispector)

Poesias da Martha Medeiros

vestidos muito longos e justos incomodam
o beijo dos galãs não tem sabor
e Hollywood fica longe demais
do meu supermercado favorito
ser bela e calma, quanta inutilidade
mais vale um bom olhar profundo
e uma vida de verdade
dois filhos de cabeça boa
um marido bem tarado
uma empregada chamada Maria
cinema de mãos dadas
um salário legal no fim do mês
aquela viagem marcada
novela, trânsito, profissão
sexo, banho morno, musse de limão
me corrijam se eu estiver errada
a realidade é nossa maior fantasia
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Acho que não sou daqui

acho que não sou daqui
paro em sinal vermelho
observo os prazos de validade
bato na porta antes de entrar
sei ler, escrever
digo obrigado, com licença
telefono se digo que vou ligar
renovo o passaporte
não engano no troco
até aí tudo bem
mas não sou daqui
também
porque não gosto de samba
de carnaval, de chimarrão
prefiro tênis ao futebol
não sou querida, me atrevo
a cometer duas vezes o mesmo erro
não sou de turma
a cerveja me enjoa
prefiro o inverno
e não me entrego
sem recibo

( Martha Medeiros)

Quando chegar aos 30

Quando chegar aos 30
serei uma mulher de verdade
nem Amélia nem ninguém
um belo futuro pela frente
e um pouco mais de calma talvez
e quando chegar aos 50
serei livre, linda e forte
terei gente boa do lado
saberei um pouco mais do amor
e da vida quem sabe
e quando chegar aos 90
já sem força, sem futuro, sem idade
vou fazer uma festa de prazer
convidar todos que amei
registrar tudo que sei
e morrer de saudade

(Martha Medeiros)